EIXO VII: Quebrando tabus

Interdisciplinas do eixo VII, 2009/02:

  • DIDÁTICA, PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO: Teorias educacionais subjacentes à organização do planejamento, avaliação e organização/produção de materiais didáticos. Planejamentos integrados.
  • EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL: O sujeito jovem e adulto em suas diferenças e especificidades: análise de discurso e observação de práticas cotidianas; estudo e aprofundamento de relações que considerem as questões teórico-práticas voltadas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
  • LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS: Aspectos linguísticos da Lingua Brasileira de Sinais (LIBRAS). História das comunidades surdas, da cultura e das identidades surdas. Ensino básico da LIBRAS e políticas linguísticas e educacionais dos surdos.
  • LINGUAGEM E EDUCAÇÃO: Teorias de aquisição da linguagem oral e escrita. Desenvolvimento da linguagem, no enfoque investigativo e pedagógico.
  • SEMINÁRIO INTEGRADOR VII: Desenvolvido em dois momentos: no início do semestre tem como objetivo oportunizar o conhecimento mútuo entre professores e alunos e definir aspectos relativos à dinâmica do trabalho e as especificidades do eixo; no final do semestre, o segundo seminário, oportunizará a integração das aprendizagens realizadas nos diferentes enfoques trabalhados no eixo VII.

COMPLEMENTO (conforme solicitação da Vanessa em 10/11):

Este foi um semestre em que deixei novamente o blog um pouco "desfalcado". Fiz poucas postagens e as que fiz realmente não expressaram minhas aprendizagens com certeza, que foram muitas. Iniciei o semestre já bem atribulada tendo em vista o acidente de trânsito sofrido por meu marido. Este realmente tirou todo mundo do "ar" aqui em casa. Mas graças a Deus acabou tudo bem. Quanto à interdisiciplinas do semestre, como já escrevi logo acima, destaco duas: EJA e LIBRAS. Salientei estas duas, pois forma sem dúvida as que mais me fizeram refletir naquele período e até os dias de hoje.

Confesso que não tinha uma boa imagem da EJA. Digo isto, devido a relatos de colegas que trabalham nesta área. Sempre ouvi que o EJA é uma maravilha, não pela clientela, mas pela facilidade de trabalho. Não que o trabalho flua naturalmente, ou que os alunos produzam mais que as crianças e os adolescentes. E sim porque tem folga semanal, todos são adultos e se "viram" sozinhos. Outro fator que acho preocupante é que aqui em Alvorada, a meu ver, a EJA se tornou uma forma que os professores do dia encontraram para se livrar dos alunos "problemas". Os que "perturbam" durante o dia, e já possuem idade necessária, são convencidos a ir para noite, para o EJA, com o argumento de ser mais fácil, pois assim o aluno concluirá seus estudos com mais rapidez. Sem que aja preocupação com a aprendizagem deste aluno e sim com o intuito de se livrar dele o mais rápido possível. Após a interdisciplina da EJA e ao ouvir relatos das colegas que trabalham com esta clientela passei a vê-los de forma diferente. E fiquei até curiosa para trabalhar com eles também. Imagine eu dando aula para pessoas com 50, 60 anos de idade.Sem dúvida teria muito mais a aprender do que a ensinar. Sabemos que bons e maus alunos existem em todos os lugares e , infelizmente, podemos dizer o mesmo dos professores: existem os bons e os maus. Com em qualquer profissão. A escola regular de hoje é organizada e estruturada de tal forma que não leva em consideração as especificidades dos alunos, sejam elas físicas, culturais ou sociais. No caso do aluno da Educação de Jovens e Adultos é preciso que a escola pense nesta modalidade considerando que existem diversos fatores a serem analisados para uma prática pedagógica visando uma aprendizagem significativa para estes alunos. Mudei minha imagem quanto ao EJA ao perceber o trabalho riquíssimo que pode ser realizado com eles. Pensando naqueles que ali estão por terem sido excluídos do ensino regular e, muitos, da sociedade, mas que não desistiram de buscar melhorias para suas vidas e para os outros. Buscando recuperar seu espaço enquanto cidadão. O Aluno adulto da EJA não é um aluno universitário que busca por uma especialização. Estes alunos são em sua maioria pais e mães de família, trabalhadores ou donas de casa. Pessoas desfavorecidas social e economicamente que buscam recuperar de certa forma um tempo perdido. Tendo como principal sonho e necessidade de sentir-se como cidadão, tornando-se como parte integrante da sociedade.

Na interdisciplina de LIBRAS ocorreu semelhante. Quando que eu ia me imaginar tendo aulas com uma professora surda-muda. Sempre tive pânico de ter alunos nestas condições. Agora estava eu tendo aula com uma. Confesso que, mesmo poucas, forma as melhores aulas que tive neste curso. Foi fantástico perceber e ser contagiada pela força de vontade e garra dela. Como não tenho e nunca tive convivência com pessoas surdas não tinha conhecimento a respeito da comunicação destas pessoas. Percebia a língua de sinais como simples gestos ou mímicas. Não imaginava que eles fossem tão unidos e organizados. Assim, percebo que em todo processo educacional existem dificuldades diariamente, pois trabalhamos com seres humanos e não com máquinas. Pessoas singulares sejam crianças, estas surdas, deficientes ou não, jovens ou adultos, e que precisamos valorizar e respeitar a individualidade de cada ser. No entanto em todas as modalidades de ensino estamos em busca de crescimento, seja pessoal, cultural ou social. Mas em todos os âmbitos precisamos buscar a conscientização por parte dos alunos, diante as suas ações em sociedade.

Quanto a minha prática, efetivamente ainda não utilizei o pouco que aprendi nestas interdisciplinas, pois estas duas realidades ainda não fazem parte da minha rotina de trabalho, no entanto posso dizer que já tenho outra visão e já não sou tão leiga nestes assuntos. Penso que refletir sobre, já é um bom começo.