Desafio

No final do ano passado quando estávamos montando as turmas para esse ano, nos deparamos com uma problema. Aliás uma aluna considerada por todos como um problema. Esta que vou chamar de "Maria". E mesmo com um pouco de medo, assumi a responsabilidade. Então neste ano Maria é minha aluna.
Maria é uma criança cheia de problemas. Já está com quatorze anos e ainda frequenta a 3ª série. No ano passado ela apenas ficava pelo pátio agredindo quem estivesse por perto, já que a professora não conseguia segurá-la dentro da sala e também não fazia questão disso, ainda mais depois que quase foi agredida por ela.
Mas este ano as coisas mudaram.
No começo do ano estava um pouco arredia comigo, mas nada nem parecido com o ano anterior. Percebendo isso fui com calma. Deixando ela livre para que realizasse as atividades ou não. Procuro tratar Maria da mesma forma que as outras crianças, mas dando à ela um pouquinho mais de atenção.
Inicialmente sem cobranças, deixava fazer o que quizesse desde que com educação. Confesso que até uns vinte dias atrás Maria não fazia nada em aula. Nada mesmo, não copiava, não participava das atividades, mas também não atrapalhava a aula. Até que as coisas começaram a mudar. E para melhor. Foi na semana de páscoa, onde fizemos diversos daqueles trabalhinhos tradicionais como montar a cestinha, pintar o rosto, decorar um ovo de galinha, confeccionar cartões para familiares, etc. Ela realizou todas! Percebi então que tudo que ela queria era um pouco de atenção e atividades diferentes, que chamassem sua atenção. Qual foi maior meu espanto quando ao retornarmos do feriadão de páscoa quando ela me entregou o caderno com quase todas as atividades desde o início do ano completas. Apartir daí tenho tentado realizar atividades diferenciadas para que ela se interesse e as realize. O que tem funcionado muito. Semana passada fiz uma atividade muito simples: dei uma folha com alguns cálculos que todos deveriam realizar, na mesma folha havia um desenho de um gatinho só que sem o desenho da boca. Expliquei que depois que eu corrigisse os cálculos eu colocaria a boca, fazendo o formato de uma sorriso para aqueles que acertassem mais da metade. A minha surpresa veio quando Maria foi a primeira a entregar a folha com os cálculos prontos e ao ver sua alegria ao acertar todos e ganhar o sorriso no gatinho. Como pode uma atividade tão simples surtir tanto efeito.
Claro que isso ainda não acontece todos os dias, mas só ainda.
Bom, sei que tenho uma batalha por dia para enfrentar, quero e vou ajudar esta menina, pois tenho muito a ensinar a ela e mais ainda a aprender com ela.

11 comentários:

Anônimo disse...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the Livros e Revistas, I hope you enjoy. The address is http://livros-e-revistas.blogspot.com. A hug.

Adriana Irigaray disse...

Oí Adri, este teu relato vêm de encontro com o que vivêncio diariamente como orientadora na minha escola. Mas, oque fazer para mudar a percepção dos professores, fazer com que vejão os alunos apartir de suas realidades, e vivências? É um trabalho difícil, mas ainda bem que temos profissionais como tu, que a cada novo dia procuram fazer a diferença na vida de nossos alunos.
Bjs....
Adriana

Beatriz disse...

Oi Adri, qtas Marias nós temos na escola não? Principalmente na escola pública, onde muitas vezes os professores, cansados na labuta enorme de sobrevivência, largam de mão àqueles que têm problemas que parecem impossíveis de serem solucionados!! E eles só rolam ladeira abaixo. Mas, se pensarmos, qtas Marias temos como colegas de profissão? Quem sabe, ainda, as Prof Marias não descobriram o que lhes interessa mesmo fazer e pensar como prof?
Um abração
Bea
Um abração
Bea

biapedag.blogspot.com disse...

Mas que lindo o que est�s relatando. Que oportunidade tua aluna est� tendo, contigo e, por outro lado, como est�s aprendendo com ela, n�o? Parab�ns! A Educa�o precisa de professores como tu. Um beijo.

ROBOTEEN disse...
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Luciene Sobotyk disse...

OI Adriana!
Também tenho este ano um "João" ...até fiz um relato sobre ele em meu blog.Passa lá prá ver: http://pegufrgs.blogspot.com/ pedagogia da autonomia

Tenho uma sugestão que estou usando em minha sala e tem dado muito certo.O foco do meu trabalho em uma das turmas que atendo é a auto estima.Como tenho alunos em níveis diferentes de alfabetização neste grupo,fiz o que chamamos de PTI (Pasta de terefas individuais) onde na capa da pasta tem a foto de cada um e seu nome impresso.Lá cada um tem atividades de acordo com suas dificuldades.Faço um momento coeltivo e depois passamos para as PTI's.Eles adoram!Beijos ,Luciene

Luciene Sobotyk disse...

OPs,quis dizer momento coletivo.Luciene

Cris disse...

Oi Adri querida! Que saudades de ti meu amor!
Eu andava muito complicada com tantas tarefas e problemas em minha vida, mas nunca deixei de lembrar de ti, pois a Cláudia também comenta muito á teu respeito.
Assim com nos contaste, também tenho um caso muito semelhante ao teu, mas ainda não tive tão bons resultados. Vou aproveitar as dicas e ver o que consigo adaptar.
Quero te deixar um grande abraço e meus parabéns por esta profissional tão querida e competente que és!

Andrea disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andrea disse...
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Tatiana Gomes disse...

OI...
Quando li esta postagem lembrei-me de várias ''Marias'' que já tive e posso te confessar que com certeza,são os alunos que jamais esqueceremos e com os quais mais aprendemso!
força e coragem...és uma super profissional e sem dúvidas muito afetiva,isso trará a ''Maria'' cada vez mais pra perto de você,na maioria das vezes é o que mais falta..amor..
bjs