Hoje comecei a editar a atividade sobre o PPP e o Regimento, tenho escrito e pensado sobre o assunto há vários dias, até porque neste ano estamos fazendo uma análise sobre ele para resolvermos se iremos mudá-lo ou não. No decorrer do período de observação da comunidade escolar(escola/ clientela), pode-se destacar, as seguintes questões, que nesse momento são de importante relevância para essa análise inicial do PPP:

  • Trata-se de uma comunidade carente situada na periferia da cidade;
  • Os alunos (uma parcela significativa), apresentam como característica marcante traços de agressividade, provavelmente resultante das carências afetivas (no núcleo familiar) geradas pelas carências sociais (pobreza);
  • O corpo docente é (e talvez não pudesse ser diferente) bastante heterogêneo. Descontente com a atual situação da escola nos dias atuais, bem como com suas limitações enquanto agentes sociais "nós não podemos nada, eles podem tudo", e, ao mesmo tempo, resistente à mudança;
  • A equipe Diretiva, mesmo empenhada na realização do bom funcionamento da escola, enfrenta dificuldades para articular o grupo.

Assim sendo o eixo reflexivo dessa análise passa a ser o trabalho desenvolvido pela escola, enquanto espaço de realização de mudanças sociais- Explicitado no PPP. Ainda que saibamos que essas mudanças aconteçam a longo prazo, muitas vezes o professor, pressionado pelas diferentes instâncias que constituem o todo social, moldadas por valores, muitas vezes arcaicos, sob os quais os próprios professores foram educados, sentem-se desorientados e acabam entrando em conflito interno; e, dessa forma, angustiados pelo fazer, sem saber como, põem em jogo seus conhecimentos, conceitos, idéias e atitudes. "Eu faço de tudo e parece que nada interessa para essas crianças", "Não sei mais como agir". Assim a escola que deveria ser um núcleo de formação, por estar eivada de saberes científicos, saberes esses que deveriam estar a diposição de todos para o crescimento de todos, passa a ser palco de infinitas queixas e disputas, e o que deveria ser coletivo, passa a ser individual. Cada um quer saber de si, do seu bem-estar, da sua salvação; e nesse contexto, a estrutura, o funcionamento e a finalidade da educação, permanecem comprometidos.

E o Projeto Político Pedagógico? Nesse caso, o PPP, que deveria ser a ferramenta da mudança, o marco referencial da instituição, limita-se apenas a ser a bengala das queixas - Se nós não podemos nada, vamos mudar o Projeto, a escola tem autonomia para isso". Aqui se reforça a dicotomia individual x coletivo. O PPP só vale para remendar os furos da educação. Mudar , de verdade, exige abnegação, desprendimento, reflexão contínua, renuncia, ceder, admitir os equívocos, compartilhar ... E "isso" dá muito trabalho. "Isso", não sabemos se queremos.

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