Simples atitudes

Encontrei esta matéria em uma edição antiga da revista Nova Escola e achei interessante publicar aqui.Muitas de nós professoras não sabemos como lidar com alunos portadores de necessidades educacionais especiais e estas são pequenas dicas que podem servir como base num primeiro encontro, ao menos para que nos auxilie em atitudes básicas no tratamento com eles. Infelizmente percebe-se que muitos itens fogem do nosso alcance, pois precisamos do governo para que possamos colocá-los em prática, mas alguns são básicos e dependem somente da nossa vontade. Ajudá-los a fazer valer os seus e os nossos direitos , sabemos que nem sempre é fácil, mas atitudes simples como querer ajudar é.

Cuidados diferentes para cada deficiência

Na educação inclusiva não se espera que a pessoa com deficiência se adapte à escola, mas que esta se transforme de forma a possibilitar a inserção daquela. Para isso, algumas orientações são úteis. As que estão a seguir mesclam informações do kit Escola Viva, criado pelo MEC em conjunto com a associação Sorri Brasil, com indicações elaboradas pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Vale lembrar que os serviços de apoio não substituem o professor da escola regular.

  • Auditiva

Sempre fale de frente

A escola precisa providenciar um instrutor para a criança que não conhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras), mas cujos pais tenham optado pelo uso dessa forma de comunicação. Esse profissional deve estar disponível para ensinar os professores e as demais crianças. O ideal é ter também fonoaudiólogos disponíveis.

Sugestões:

  1. Consiga junto ao médico do estudante informações sobre o funcionamento e a potência do aparelho auditivo que ele usa.
  2. Garanta que ele possa ver, do lugar onde estiver sentado, seus lábios. Ou seja, nunca fale de costas para a classe.
  3. Solicite que o estudante repita suas instruções para se certificar de que a proposta foi compreendida.
  4. Use representações gráficas para introduzir conceitos novos.
  5. Oriente o restante da classe a falar sempre de frente para o deficiente.

  • Visual

Material específico

A escola deve solicitar à mantenedora o material didático necessário — regletes (régua para escrever em braille) e soroban —, além da presença de um profissional para ensinar a criança cega, os colegas e os professores a ler e escrever em braille. O deficiente deve contar com tratamento oftalmológico e receber, na rede ou em instituições especializadas, instruções sobre mobilidade e locomoção nas ruas. Deve também conhecer e aprender a utilizar ferramentas de comunicação, como sintetizadores de voz que possibilitam ao cego escrever e ler via computador. Em termos de acessibilidade, o ideal é colocar cercados no chão, abaixo dos extintores de incêndio, e instalar corrimão nas escadas.

Sugestões:

  1. Pergunte ao aluno e à família quais são as possibilidades e necessidades dele.
  2. A melhor maneira de guiar o cego é oferecer-lhe o braço flexionado, de forma que ele possa segurá-lo pelo cotovelo.
  3. Descreva os ambientes com detalhes e não mude os móveis de lugar com freqüência. Os recursos didáticos aconselhados são: lupa, livro falado e materiais desportivos como bola de guizo.
  4. Busque na turma colegas dispostos a ajudá-lo.
  5. Substitua explicações com gestos por atividades em que o deficiente se movimente. Por exemplo: forme uma roda com a criançada para explicar o movimento de translação da Terra.

  • Física

Adaptar os espaços

Toda escola precisa eliminar as barreiras arquitetônicas, mesmo que não tenha jovens com deficiências matriculados. As adaptações do edifício incluem: rampas de acesso, instalação de barras de apoio e alargamento das portas. No caso de haver deficientes físicos nas classes, a modelagem do mobiliário deve levar em conta as características deles. Entre os materiais de apoio pedagógico necessários estão pranchas ou presilhas para prender o papel na carteira, suporte para lápis, computadores que funcionam por contato na tela e outros recursos tecnológicos.

Sugestões:

  1. Pergunte ao aluno e à família que tipo de ajuda ele precisa, se toma medicamentos, se tem horário específico para ir ao banheiro, se tem crises e que procedimento adotar se isso ocorrer.
  2. Aqueles que andam em cadeira de rodas precisam mudar constantemente de posição para evitar cansaço e desconforto.
  3. Informe-se sobre a postura adequada do aluno, tanto em pé quanto sentado, e garanta que ele não fuja dela.
  4. Se necessário, fixe as folhas de papel na carteira usando fita adesiva. Os lápis podem ser engrossados com esparadrapo para auxiliá-lo na escrita, caso ele tenha pouca força muscular.
  5. Ouça com paciência quem tem comprometimento da fala e não termine as frases por ele.

  • Mental

Tarefas individuais

Geralmente os deficientes mentais têm dificuldade para operar as idéias de forma abstrata. Como não há um perfil único, é necessário um acompanhamento individual e contínuo, tanto da família como do corpo médico. As deficiências não podem ser medidas e definidas genericamente. Há que levar em conta a situação atual da pessoa, ou seja, a condição que resulta da interação entre as características do indivíduo e as do ambiente. Informe-se sobre as especificidades e os instrumentos adequados para fazer com que o jovem encontre na escola um ambiente agradável, sem discriminação e capaz de proporcionar um aprendizado efetivo, tanto do ponto de vista educativo quanto do social.

Sugestões:

  1. Posicione o aluno nas primeiras carteiras, de forma que você possa estar sempre atento a ele.
  2. Estimule o desenvolvimento de habilidades interpessoais e ensine-o a pedir instruções e solicitar ajuda.
  3. Trate-o de acordo com a faixa etária.
  4. Só adapte os conteúdos curriculares depois de cuidadosa avaliação de uma equipe de apoio multiprofissional.
  5. Avalie a criança pelo progresso individual e com base em seus talentos e suas habilidades naturais, sem compará-la com a turma.
*Esta reportagem foi extraída da Revista Nova Escola edição 163/2003.

Um comentário:

biapedag.blogspot.com disse...

Oi, Adriana! Já inicio pedindo desculpas por estar te visitando só agora. Mas a distância virtual não diminui o carinho que tenho por ti e o interesse em ler o que escreves em teu blog.Olha só: copiei uma parte do que escreveste...
"Minha preocupação vai um pouco além do fator deslocamento. Preocupo-me com a questão da aprendizagem de alguns. O que ouço são relatos de professores por falta de conhecimento ou por pena, como eles mesmos se referem a estes alunos, avançam para série seguinte sem que aja critério algum. É isso que devemos fazer? Isto ajuda a criança ou atrapalha?"

Estás falando de aluno cadeirante, não é? Então, eu te pergunto: O fato de ser cadeirante já é indicativo de que tenha problemas de aprendizagem?
Li que vais ter uma criança cadeirante e eu te sugiro, inicialmente, que deixes de lado a tua preocupação e ansiedade. (rs, se possível) Pensa que com esta criança vais ter a oportunidade real de vivenciar com todo o grupo a questão das diferenças. Dependendo de como recebemos o aluno ele poderá ter um sentimento de acolhida ou , no mínimo, para sua proteção, de distanciamento, apatia ou o extremo oposto.
Quando eu tinha uma de minhas turmas de maternal (na década de 80! Vixe!!!)recebi a notícia que, no segundo semestre, iria receber uma aluna deficiente visual e auditiva. Menina! Não podes imaginar o meu desespero! Fui em bibliotecas, busquei bibliografia, quase enlouqueci a coordenadora da escola. Eu queria estar preparada!Ficava pensando "como ela vai poder ouvir as músicas que cantamos, como ou fazer um passeio com ela ...afinal, será que ela não vai sofrer por estar numa turma em que todos podem muito mais? Bah, Adriana...aquele "pinguinho" me ensinou que os outros não podiam muito mais...apenas podiam diferente. Amiga, olha para esta oportunidade como uma forma de teu grupo vivenciar o que de melhor se pode trabalhar na Escola: a questão dos valores. Beijinhos. Obrigada por teu carinho.