EIXO VI: A inclusão

INTERDISCIPLINAS DO SEMESTRE:

  1. Desenvolvimento e aprendizagem sob o Enfoque da Psicologoa ll: Teorias de aprendizagem e características da vida adulta (centrada no adulto professor). Reflexão sobre as relações do professor com seus alunos no processo de constituição do sujeito professor.
  2. Educação de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais: Breve análise histórica da educação especial. A LDBEN 1996 e a inclusão dos alunos com necessidades educacionais no ensino regular. Avanços na legislação brasileira e as dificuldades estruturais no contexto do ensino no país. Conceitos e princípios pedagógicos da educação inclusiva: principais conceitos; a identificação do aluno com necessidades especiais; o processo de ensino-aprendizagem com alunos com necessidades especiais; as adaptações curriculares de pequeno e grande porte; avaliação, progressão e terminalidade escolar; a inserção no trabalho.
  3. Filosofia da Educação: Desenvolver a capacidade de argumentar e analisar conceitos visando uma reflexão crítica sobre o saber comum, as concepções de ser humano e a moralidade, além de abordar criticamente a relação entre aprendizagem e conhecimento, e os aspectos políticos da educação.
  4. Questões Étnicos Raciais na Educação: Sociologia e História: Entendimento de raça e etnia na educação, contextualizando os movimentos e grupos étnicos e raciais nos diferentes tempos e espaços, com ênfase no estudo das questões afro e indígenas no Brasil e no Rio grande do Sul. Leituras e reflexões teórico-práticas que possibilitem a compreensão da diversidade étnico-racial na complexidade social em que cada um se insere e se constitui, individual e coletivamente.
  5. Seminário Integrador VI: Relacionar os temas desenvolvidos no semestre com as experiências educacionais de cada sujeito, buscando construir compreensões que potencializam a elaboração de propostas educacionais inclusivas.
Neste semestre duas destas Interdisciplinas marcaram muito com certeza:
    • EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS
    • QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO SOCIOLOGIA E HISTÓRIA
Não que as outras não tenham tido importância, mas essas duas por tratarem de assuntos que até então julgava muito difíceis de lidar, trabalhar e falar com os alunos. Desde que às leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, entraram efetivamente em vigor, a SMED do município de Alvorada vem proporcionando palestras, distribuindo materiais e obras literárias que incentivem e embasem melhor as escolas e professores para desenvolver o trabalho em sala de aula. Desde então vinha me questionando sobre como trabalhar as questões étnicas (principalmente sobre o negro e o índio) em sala de aula. Nunca gostei, ou melhor, nunca me senti a vontade para tratar deste assunto em aula, pois sempre ouvi e entendi que devíamos trabalhar assuntos relacionados ao período de escravatura, no caso dos negros, o que a meu ver acabava constrangendo os alunos negros. Na Interdisciplina de Questões Étnicas e Raciais, lemos alguns textos sobre estes. Ao ler os textos "Em busca de uma Ancestralidade brasileira", de Daniel Mundurucu e “Os Índios no Brasil: quem são e quantos são”, escrito pelo representante do povo Baniwa, Gersen dos Santos Luciano, comecei a despertar para o assunto e pude perceber o quanto à questão do índio é pouco discutida nas escolas, principalmente públicas, e como o pouco que é trabalhado chega ao aluno de forma errada. Digo isto a partir do momento que eu, enquanto professora, reflito sobre minha prática em todos estes anos de sala de aula. Sempre me reservei em trabalhar a questão do índio, naquela data bem conhecida do dia 19 de abril, onde conversamos sobre suas vestimentas, seus costumes e quando com crianças menores montamos um cocar, pintamos o rosto e batemos com a mão na boca imitando rituais sagrados. Esquecendo da sua importância para a história do povo brasileiro. Infelizmente hoje o que ainda vemos é a imagem do índio marginalizada. Bem como diz o texto, o índio é visto como uma pessoa que não quer trabalhar. Que quer tudo de graça sem esforço. Sem pensarmos que eles estavam aqui bem antes de nós. A meu ver cabe a nós professores mostrar a verdadeira história sobre os “Índios”, respeitando e valorizando sua história, cultura, crenças e forma de vida. Fazendo com que o aluno reconheça a importância do povo indígena para nosso país. Mostrando que o índio nem sempre foi aquele que eles vêem a beira das estradas vendendo artigos de palha para sobreviver, e sim um povo muito rico culturalmente, que enfrentou e ainda enfrenta muitos obstáculos para manter viva sua história. Percebi que podemos trabalhar a cultura indígena ou negra nas diversas áreas durante todo o ano, fugindo das datas pré-estabelecidas dos dias 19 de abril e 20 de novembro, seja através de músicas, textos, lendas, jogos brincadeiras, etc. Pensando assim que desde então, e também durante meu estágio supervisionado, que venho trabalhando a cultura indígena e africana (principalmente) sem enfatizar o negro e o índio propriamente ditos, e sim mostrando sua cultura tão rica como já citei anteriormente.
Neste mês, por exemplo, faremos uma mostra de trabalhos na escola sobre estes temas e já realizei com minha turma diversas atividades a este respeito.
A inclusão de estudantes com deficiência nas classes regulares, seja no ensino público ou privado, representa um avanço histórico na educação brasileira. O mundo moderno precisa de um modelo de escola aberta às diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características físicas. E somente conscientizando os cidadãos desde a infância é que poderemos um dia mudar esta triste realidade. No entanto, infelizmente o que podemos constatar nas escolas de ensino público, como é o caso da que trabalho, é uma prática bem distante do modelo de ensino descrito na Resolução do CNE\CEB nº02/01 de Diretrizes Nacionais para a educação especial na educação básica. , onde destaco o artigo 3º que diz:
"Por educação especial, modalidade da educação escolar, entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica.. Parágrafo único. Os sistemas de ensino devem constituir e fazer funcionar um setor responsável pela educação especial, dotado de recursos humanos, materiais e financeiros que viabilizem e dêem sustentação ao processo de construção da educação inclusiva"
Na prática o trabalho está longe do que diz a resolução acima. O que temos são profissionais despreparados, escolas com pouca ou nenhuma estrutura, desprovidas de recursos físicos e materiais, o que dificulta e muitas vezes inviabiliza um trabalho de qualidade. Como é o caso da minha escola: como construíram o ambiente informatizado no 2º andar se temos na escola diversos alunos cadeirantes? Isto é cabível de processo. A acessibilidade é lei. Como dar exemplo se a própria escola não cumpre as leis? Nossa escola não possui orientadora educacional, e os demais profissionais não se acham capacitados para lidar com estes alunos. E eu me incluo neste último. Ou seja, estamos desprovidos de atendimento educacional especializado. Afinal, as pessoas com necessidades educacionais especiais, possuem o mesmo direito que as demais, ou seja, um ensino de qualidade. Durante o estágio levei este tema para sala de aula ao trabalhar com os alunos o livro "Todo mundo é igual?" e a impressão que tive foi que todos tinham pena destes alunos. Uma questão cultural, pois desde a infância nos é passado uma imagem distorcida destas pessoas, o que acaba nos influenciando a olhar um portador de necessidades especiais com pena. Com se ele fosse um pobre coitado, incapaz, e por isso digno de nossa piedade. Mas ao mesmo tempo, eles percebiam as dificuldades que eles tinham na escola, como ao acesso ao laboratório, por exemplo, posicionando-se a favor deles, querendo reinvindicar seus direitos, sendo então, neste momento, todos iguais.

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