Fiquei muito chocada com o e-mail da colega Tatiane sobre a obra deste que se diz um artista. Não acredito que possamos considerar como artista uma pessoa que pega um cachorrinho de rua, leva a uma exposição, o prende em um canto e deixa-o morrer de fome e de sede. Veja aqui! Realmente a imagem é chocante, não dá para acreditar que alguém chama isto de arte e ainda pensa em premiar algo assim.Guillermo Habacuc Vargas foi o artista escolhido para representar seu país na Bienal Centro Americana de Honduras em 2008. Nesta semana fui a Bienal com meus alunos da 4ª série, eles adoraram. O guia teve uma boa participação, pois conseguiu entusiasmar as crianças com suas explicações, já que algumas (a maioria) das obras não fazem sentido algum em um primeiro olhar, mas depois da explicação até que parecem bonitas.Mas ao final do passeio tive uma decepção. Indaguei meus alunos sobre qual obra mais gostaram, mas me arrependi.Não sei se alguma colega já foi a Bienal este ano, quem foi saberá exatamente do que estou falando.

Em uma das salas há muitos quadros fixados nas paredes, acho que + ou - uns 50, todos com verdadeiras atrocidades: feridos de guerra, crianças mutiladas ou leprosas, deficientes físicos cuja deficiência foi causada pela radiação das bombas atômicas e vazamentos de produtos químicos.

Uma tristeza só. Infelizmente em outra sala onde havia uma obra feita com brinquedos que não surtiu tanto efeito quanto eu gostaria, mas sabemos que nem sempre o que pensamos ou planejamos chamam atenção de nossos alunos. É incrível como estamos no habituando e considerando normal ver esse tipo de coisa. Questiono-me por que os brinquedos não chamaram atenção? Será por que nossas crianças não brincam mais? Ao menos não como brincávamos antigamente. Hoje os brinquedos e brincadeiras mais apreciadas por eles são justamente as que estão vinculadas a algum tipo de violência, como é o caso do vídeo game e das armas de brinquedo. Li outro dia que a função da arte é justamente nos levar a fazer o que estamos fazendo agora. Como fomos tocadas pelas cenas estamos discutindo e refletindo sobre este assunto, e é esta a moral deles mostrarem obras deste tipo em um evento tão importante como a Bienal. Apesar disso é bom saber que pessoas como nós ainda se chocam com este tipo de imagem e acredito estar em nós também o poder de mudar isso.

4 comentários:

kakamonego disse...

Adri, também estive na Bienal, mas felizmente só vi coisas maravilhosas. Estive visitando o pavilão Conversas.
Como temos o hábito de visitarmos centros culturais, aprendi há muito a selecionar o que quero ou não ver. A propósito, adorei a competência dos guias da Bieal. São extremamente preparados. Também achei lindas tuas fotos.
Bjs, Kaká

Beatriz disse...

Adriana que maravilha, pinçastes um elemento muito relevante qdo se trabalha com alunos, sejam eles quais forem: eles pensam diferente da gente como professor.
E ai? Os indício estão no teu texto . Quem sabe tu reflete um pouco mais e colocas alguns argumentos de porque acontece isso?
Guria, estás no rumo certo do portifólio. Agora é ir aprofundando cada vez mais tuas postagens.
Um abraço
Bea
Um abração
Bea

Catia Zílio disse...

Adriana! Que tal colocar um marcador nesta postagem?? A interdisciplina de Artes prevê uma visita a Bienal, por isto creio que esta tua postagem poderá ser útil.

Adriana Irigaray disse...

Oí Adriana, talvez, seja importante continuares insistindo, e questionando com teus alunos o porquê, de não se chocarem com a dor? A violência é constante na vida de nossos alunos, como tu mesmo colocastes, faz parte das brincadeira modernas.O quê podemos fazer, para reverter este quadro? Acredito que, apesar do choque, tem muitos assuntos a serem abordados e trabalhado com eles.
Bjs.....